Life is danger!

Cobrei errado, e agora?

Chegar ao valor correto do seu trabalho é algo que exige um pouco mais do que comparação com os concorrentes locais e gastos de produção. Nesta conta faltam 3 pontos importantes, o seu valor como profissional, aonde seu trabalho será usado e o cliente.

O primeiro ponto e talvez o mais importante é o seu valor como profissional. Na indústria os profissionais são divididos basicamente como junior, pleno e senior. Claro que temos outras variações abaixo como estagiários e trainees e superiores como lideres e diretores. Mas levando em conta os três degrais básicos, tudo se resume em quanto tempo você faz aquele tipo de trabalho. Eu por exemplo sou senior, porque desde 1995 eu faço basicamente a mesma coisa, arte digital. Então, quanto mais tempo você tem de indústria mais cara é sua hora. Seu skill também entra neste cálculo, mas é menos importante do que sua experiência. Então saiba seu valor!

O segundo ponto importante se resume a uma palavrinha que aprendi um pouco tarde, “buyout”, significa que cedemos todos os direitos de uso para o comprador, menos a autoria que é intransferível é claro. Se você não assinou nada com o cliente e não deixou isso claro de alguma forma contratual, automaticamente o serviço que você prestou já é considerado buyout, ou seja, é dele para sempre e para ele usar como ele quiser e quando quiser. Mas eu verbalizei, falei a ele que não era para sempre, nós vivemos em um mundo de acordos, e estes acordos precisam ser válidos para serem reconhecidos. Então cobre o justo caso você pense em não ter mais direitos sobre a obra.

Mas por que você deve conhecer também o cliente? Isso faz sentido quando você quer tirar proveito de uma negociação. E isto não é errado, afinal estão todos tirando proveito de alguma forma de você e do seu trabalho, coisas do mundo humano… Uma das minhas histórias que me recordo em meu começo de carreira, fui chamado para fazer um trabalho para o BB (Banco do Brasil), era um curta de seus 8 a 12 minutos de animação 3D, eu cobrei 2 mil, que na época era algo muito abaixo do mercado mas bastante suficiente para mim. Meu orçamento foi recusado. Alguns anos depois fiquei amigo do diretor de Marketing do BB, responsável pela contratação dos trabalhos externos. Em um momento oportuno tomando aquele cafezinho, eu perguntei sobre o motivo do meu orçamento ter sido recusado, ele respondeu, o seu portfólio era o melhor mas o seu preço estava barato demais e desconfiaram se você teria capacidade para fazer o trabalho.

Quer saber quais eram os outros valores? 

  • Eu = 2mil
  • A produtora que iria me contratar para fazer o serviço = 6 mil
  • Outro artista = 12mil

Vencedor: Outro artista.

Em minha carreira, por vezes chegavam orçamento de grandes empresas diretos para mim e que eram recusados, estes orçamentos mais tarde eram fechados pelas produtoras que me contratavam para fazer o trabalho. Era uma espécie de pacto oculto de mercado, o cliente preferia pagar mais caro para ter um “plano de marketing” que muitas vezes se resumia a um cafezinho. Certa vez perguntei a um amigo dono de uma destas produtoras o porque de não pegarmos os cliente diretamente já que a agência não estava fazendo absolutamente nada. A resposta foi, se pularmos as agências não pegamos mais trabalhos… É uma cadeia alimentar. A agência ganhava 3x mais, a produtora 2x mais, eu ganhava meio x quando eu estava com sorte, e a TV? Bem a TV ganhava em y e não entra nesta equação 😉

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